quinta-feira, 30 de abril de 2020

Sem Nome



O vulto na antiga foto
não se pode saber gente:
no passo estático, um gesto
de imortal, dúplice ausência.
Contra toda a natureza,
eis um corpo que, não sendo,
não pode deixar de ser.
Menos que corpo: momento
desprovido de potência,
eco, escombro de ruídos
mais restrito que o silêncio,
estéril significante
na onda acústica do tempo
quase mítico da sépia,
que sob as turvas retinas
— turvas de areia mais densa —
sugere: o vazio é apenas
outra face do perene.