quinta-feira, 30 de abril de 2020

As nuvens de São Paulo


17:25

As nuvens de São Paulo,
ocos mamutes,
espalham sobre a lona envelhecida
o sumo de uma estrela,
bruta pisa vespertina.



18:00

Custoso é seu passar,
e o mosto alaranjado se dilui
no rubro suor de cada casco
que, de calcar em falso, se fendeu.


20:00

Os colossos, enturvados agora
pelo carvão do silêncio,
pascem discretos,
quase invisíveis,
exceto por aquele que entesa
a cabeça e ostenta
sua presa:
lua de marfim.