quarta-feira, 29 de maio de 2019

Ceci n'est pas un poème


pós-moderna de dalmática,
de expressão sisuda e hermética,
que aleijão te fez estática,
concretou a tua estética?

que acidez acidolática
compôs tão dúbia dialética?
que linguística linfática,
morfologia morfética?

que crise ou medrosa crítica
mais misantropofagótica
baniu-te à sombra, adamítica?

que otimismo ou falta de ótica
riscou-te assim, nula enclítica,
farsa, flor anacolútica?


Este espelho pequenino
Que carrego de menino
Espiei-o certo dia:

Amarrado no pescoço
Feito olho mágico ou poço
Quanto eu visse, refletia.

Quis me ver: levei-o à face
E como o olhar se enturvasse
À memória de tal dia,

No espelhinho que carrego
Eu vi um menino cego.