Pensávamos que amar fosse a razão
do amor: luz que roçasse a incorpórea
face dos dias, áspera canção
de extintas línguas na alma da memória;
e, qual vidro fendido que se inflame
na sanguínea visão crepuscular,
mostrou-se amor incandescente lâmina
sobre a carne translúcida do amar.
Pensávamos que a morte fosse apenas
um calar-se maior que todo o ser,
e ela gritou nas coisas mais pequenas,
tão pequenas, porém, que mal ouvíamos:
mal sabíamos dela, e o que sabíamos
pensávamos, pensávamos saber.