O príncipe pastor, a quem Cronida
Sob as asas possuíra e aos céus trouxera
Para deitar o néctar que exaspera
E em rubros haustos decantar a vida,
Vendo no copo a imagem refletida
Como se eterna visse a primavera,
Ante o brado colérico de Hera
Quase transborda a esplêndida bebida:
"É morto o Pai", acusa a irmã consorte,
"Por teu vinho mortal envenenado,
Troiano efebo." E, retesando o porte
A Zeus tão caro, o dócil Ganimedes:
"Na arte do Amor — se em tudo o mais me excedes —
Convém saber usar e ser usado."