segunda-feira, 19 de abril de 2021

Lembrança de Manuel Bandeira


Mais do que o justo desafino
do verso, das horas, da alma
(a alma cínica de menino
a recender na estreita palma),

do que maçã, ou gesso, ou cacto,
mais do que a inominada rosa
ou a pureza do verbo intacto
sob a superfície porosa,

de ti em mim, poeta, ressoa
a inelutável mansidão
de quem quis, e não foi senão
uma – entre o céu e o mar – pessoa.