De sonetos abri, meu pai amado,
Pude ouvir o teu canto levantado
Como catorze braços para o Eterno;
E, outrora tão lacônico e sagrado
(Pois na quietude dá-se o amor paterno),
Tão mais humano fez-se, tão mais terno,
O homem que o lia, tímido, ao meu lado.
Tu me ensinaste o verso e, nele, a vida,
A paixão sufocada e a prece muda,
A acre esperança e a lágrima contida.
Tu me tornaste, pai, quem sou agora:
Esta voz que em silêncio se desnuda
Para aplacar um coração que chora.