
Proponho aqui duas versões do famoso soneto inglês: uma em decassílabos e outra em dodecassílabos, salvo pela inscrição na estátua, que em ambas verti como um dístico à parte da estrutura geral do poema.
Tudo acabou sem nem sabermos como:
o que resta é um sabor amanhecido
na boca a anunciar o fim do pomo
e a amarga sensação do não ter sido.
Mas sei que, se cruzarmos nossas tardes
nalguma esquina ou bar, bem mais afins que
no passado, desviando o abrupto olhar
de espanto, o Amor dará dentro do peito
— o mais novo concerto de Stravinsky —
um grito de ódio a tudo o que é perfeito.