segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Placebo


Eu vou rimar rimando em rima rica,
Rimar rimando em rima rara eu vou,
Porque rimar em rima rara é pica,
Porque rimar em rima rica é show.

Queres compor? Eu já te dou a dica;
Queres compor? Amigo, te prepara:
Não rimes rima que não seja rica,
Não rimes rima que não seja rara.

Se for soneto, então, rima no embalo,
Pois não rimar é como não ter rima
E não ter rima é como não rimá-lo;

Mas lembra, meu amigo: ou rica, ou rara.
Adoça bem a péssima vindima
Que a falta de sabor não se repara.




09 / 2015

domingo, 13 de setembro de 2015

Um soneto escarrado.


É em noites assim que eu sinto um grande 
desejo de escrever o que não seja 
só palavra, capturar o que adeja 
no espaço oculto entre o que não se expande 
para além do papel e o sem-limite 
de ideais nascituros me encarando; 
mas se este anseio só me surge quando 
não dá para exceder nem mais um bit 
do que a mente suporta, e a coisa emperra, 
que me resta? Tão só fechar os olhos 
à batalha e conferir os espólios 
tendo dado por certo o fim da guerra 
(espólios tais previstos desde o início, 
num misto de catarse e lorem ipsum).



09 / 2015

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Três impressões do Tempo.

("Young Man with a Skull" - Frans Halls)

"And nothing 'gainst Time's scythe can make defence"
(Shakespeare, Sonnet XII)