segunda-feira, 18 de maio de 2015

"A Minha Mãe", de Poe.



Primeira tradução, dos altos de 2013. 
Por muito tempo, tive Poe por meu poeta favorito; disso nasceram os versos em questão. A sensação de consumar o exercício poético/tradutológico de um soneto tão belo foi satisfatória, algo como: "sinto que não se perdeu de todo o discurso de Poe". Coisa para se festejar.
Espero que agrade igualmente o leitor. 


***

To My Mother


Because I feel that, in the Heavens above,
The angels, whispering to one another,
Can find, among their burning terms of love,
None so devotional as that of “Mother,”

Therefore by that dear name I long have called you—
You who are more than mother unto me,
And fill my heart of hearts, where Death installed you
In setting my Virginia's spirit free.

My mother—my own mother, who died early,
Was but the mother of myself; but you
Are mother to the one I loved so dearly,
And thus are dearer than the mother I knew

By that infinity with which my wife
Was dearer to my soul than its soul-life.



A Minha Mãe


Por pressentir que, nas divinas frotas,
Ouvindo o cício de anjos, terno e imáculo,
Não haja de amor formas tão devotas
Quanto aquela de "Mãe" no seu vernáculo,

Por isso, há tanto, a ti por mãe tomara,
A ti, por quem afetos mais semeio,
E em quem meu peito mórbido se ampara,
Distando, agora, de Virgínia o seio.

A mãe, a minha mãe, há muito ausente,
Apenas concebeu-me; tu, no entanto,
És mãe de quem amei mais ternamente,
E assim conservas todo o meu encanto,

Na infinidade como apetecida
Me fora a própria esposa mais que vida.



12 / 2013