Conto dezenove
com cara de trinta.
Dois anos na estrada.
No bolso direito, carteira vazia;
no esquerdo, um pedaço de alma
surrado, mofado
que levo de mimo.
Nos olhos,
o chão que enraízo
nas lentes,
o céu que desprezo
entre eles,
o beco onde residem as ideias brutas.
Trago o melhor da Poesia Crássica
Ultrarromanca
feito um monge cuja mão, trêmula da idade,
não acompanha o pensamento
e se deixa levar por intempéries do desejo.
Alguém leu meus versinhos de angústia
e julgou por bem dizer: "esse é poeta!"
(mas se soubessem dos sorrisos que escondo atrás das dores,
certamente não me chamariam poeta.)
04 / 2015