("Still-Life with a Skull" - Philippe de Champaigne)
Quando eu morrer, quem sabe de cansaço,
Me venha a Morte estando o sol já posto,
Que, cego, sem lhe ver sequer o rosto,
Não temerei quando estender-me o braço;
Quando eu morrer, quem sabe de desgosto,
Esteja o coração penoso e lasso,
Que, insensível à falta de um regaço,
Farei da Morte o trilho bem-disposto;
Quando eu morrer, enterrem-me a carcaça
Num túmulo que aos pés do mar descansa
E escrevam de epitáfio: "TUDO PASSA",
Que, estando meu cadáver já desfeito,
Repousarei com os sonhos e esperanças
Há muito sepultados em meu peito.
08 / 2014