Farewell

("The Farewell" - James Tissot)

É hora de partir, amada musa,

Distar-me do calor de vosso abraço:

Que doravante Zéfiro conduza

O cego trilho que sereno traço.

Porém chorais e "Adeus" dizeis; um susto

Envolve-me... Que triste e amargo termo!

Dizeis qual diz o jovem ao vetusto,

Qual diz o ser saudável ao enfermo...

Não vos vejo com olhos de quem sente

Pesares por partir: meu riso é brando.

Distante embora, o Amor se faz presente;

Por isso, não choreis — parti cantando:

Se em mim resguardo a essência do que sois,

Que fique o vosso adeus para depois.

02 / 2014

Epitáfio

("Still-Life with a Skull" - Philippe de Champaigne)

Quando eu morrer, quem sabe de cansaço,
Me venha a Morte estando o sol já posto,
Que, cego, sem lhe ver sequer o rosto,
Não temerei quando estender-me o braço;

Quando eu morrer, quem sabe de desgosto,
Esteja o coração penoso e lasso,
Que, insensível à falta de um regaço,
Farei da Morte o trilho bem-disposto;

Quando eu morrer, enterrem-me a carcaça
Num túmulo que aos pés do mar descansa
E escrevam de epitáfio: "TUDO PASSA",

Que, estando meu cadáver já desfeito,
Repousarei com os sonhos e esperanças
Há muito sepultados em meu peito.



08 / 2014

"Por que, esta noite, eu ri?", de Keats.

Inaugurando

Começo mais um blog pessoal, que não sei por quanto tempo irá durar.

O que pretendo publicar? No geral, poemas de minha lavra, traduções, exercícios de metrificação etc.

O título do blog eu roubei da Epígrafe de Bandeira.

Não sou muito bom com introduções (talvez por isso eu nunca tenha conseguido escrever um livro).

A vantagem de se ter um blog é poder editar as postagens o quanto quiser: quem sabe um dia, então, encontremos aqui um bom texto de inauguração. Hehe.